XTerra Endurance 50K Paraty – Relato

Fui competir no XTerra Endurance 50K, que este ano chega a cidade histórica de Paraty / RJ e abre o calendário da série.
O percurso proposto era desafiador, com uma altimetria tensa que prometia dar bastante trabalho aos mais de 60 Ultramaratonistas que se alinhariam para a largada.

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Percurso e Altimetria do Endurance 50K Paraty

Saímos de casa, em família, depois do almoço de sábado (12/04/2014). A largada do Night Run 21K, que minha esposa Nilce ia correr estava marcada para às 18h15min.
Chegamos à Paraty por volta das 17h e fomos fazer a retirada dos nossos kits na arena XTerra montada na histórica praça da Igreja Matriz.
Desta vez o kit do XTerra Endurance 50K não veio com muitos atrativos, apesar da sacola esportiva bem legal e camiseta muito boa e bonita:

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Kit XTerra Endurance 50K:
* Sacola esportiva
* Revista da prova
* Adesivo XTerra
* Tatuagem XTerra (já estava usando)
* Camiseta de manga longa

Feito isto, fomos para a pousada para deixar nossas coisas e voltar para a largada de Nilce que seria em poucos minutos.
Apesar de ser bem corrido deu tempo para ela se ajeitar e estar na largada faltando uns cinco minutos antes.

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Nilce na largada do Night Run 21K

Ficamos na torcida e após 2h13min48seg ela chegou e num excelente resultado de 5ª lugar geral feminino. SHOW!
Após um lanche voltamos para a pousada, pois o dia seguinte era de Endurance 50K!
Acordamos cedo e com tudo já arrumado foi só dar os ajustes finais, tomar um café da manhã e partir para a largada.

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Chegando à largada do Endurance 50K

Com a largada marcada para às 8h, tomamos nossos lugares junto ao pórtico de largada, cada um carregando seus kits obrigatórios e o próprio sistema de hidratação.
E assim foi dada a largada desta prova desafiadora, que era minha 6ª participação no XTerra Endurance 50K.

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Largada do Endurance 50K Paraty

Os 500 metros iniciais do percurso era uma volta no quarteirão da Igreja Matriz, composto de calçamento de pedras nas históricas ruas de Paraty, que além de beleza acrescentava dificuldade para correr nestas pedras.

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Metros iniciais nas ruas de Paraty

O percurso agora serpenteava nas ruas dos bairros centrais da cidade para após isto chegarmos à rodovia por volta do KM 3.
Seguimos por esta rodovia até o KM 11, que deixou este início de prova bem rápido, porém acabou por fugindo muito da ideia de uma prova Trail, fato este que foi bastante criticado pelos atletas.
Verifiquei que passei na marca de 10Km com 46 minutos de prova, um ritmo muito bom para mim, tentei me segurar bem para não ir mais rápido que isto, pois tinha a noção do que vinha pela frente.
Agora o percurso entrava na natureza, por estradas largas de terra batida, já com algumas subidas e descidas no caminho.
No KM 13 veio o posto de abastecimento previsto, porém com copinhos de água mineral (que falaram que não iam ter) na temperatura ambiente (que já estava se tornando bem quente).
Imediatamente após o abastecimento se iniciou a forte subida da primeira montanha. Era uma trilha bem fechada que parecia ter sido aberta para a prova passar por lá, composto de muitos galhos caídos e vegetação para transpor.
O ritmo estava muito acelerado e com isto não me sentia muito bem para avançar deste jeito, sabia que tudo iria piorar pela frente e decidi segurar um pouco deixando alguns atletas seguirem e eu ficaria mais atrás.
A montanha continuou duríssima até o KM 18 e a descida também seguiu forte até o KM 23, senti certa melhora, mas não totalmente.
O calor já aumentava bastante, que me levava a jogar constantemente água no corpo para refrigerar, nos pontos que tinha rios aproveitava para usar esta água corrente bem gelada.
No momento que comecei a pensar no próximo posto de abastecimento ele já apareceu bem no final da descida no KM 23.
Porém a esperada Coca-cola gelada não chegou satisfatória. Até tinha e bebi com vontade, mas não existia qualquer gelo no posto de abastecimento e estava tudo exposto ao sol, uma pena.
A única coisa a fazer era seguir em frente. Agora tinha uns 5 Km sem grandes subidas, porém o sol estava bem forte e tive que parar num restaurante para pedir água gelada. Ainda bem que consegui, estava precisando mesmo.
No KM 28 iniciou-se a grande subida. Que mesclava estrada de terra com asfalto e com muitos trechos extremamente íngremes e penosos de subir. No decorrer desta montanha eu já me sentia bem, só não conseguia desenvolver melhor devido ao trecho sinistro que estava. O topo da montanha chegou no KM 35. Agora eu sabia que a prova fluiria bem melhor, tinha que fazer uma grande descida com um longo trecho plano no final.
Já conseguia deixar uns atletas para trás, que com certeza sentiam o ritmo forte imposto no início da prova.
A descida não era fácil, inclusive tinha alguns trechos com lama e bem escorregadios, mas no geral dava para ganhar uma boa velocidade.
No KM 37 onde esperávamos o posto de abastecimento programado apenas tinha um posto de ajuda com ambulância e não tinha hidratação. O pessoal da ambulância deu UM copinho de água quente e também não sabia informar se teria outro posto de abastecimento à frente. Interessante que lá tinha uma placa indicando “KM 40”. E assim já pensei que a prova terminaria com uma distância um pouco menor que os 50K.
Ainda tinha pela frente uma boa descida e umas duras subidas não tão longas.
No KM 42 surgiu mais um posto de abastecimento, que foi uma dupla surpresa, por ter ele e por ser o único posto digno de uma prova de boa qualidade, com bebidas geladas, incluindo Coca-cola e também com staffs atenciosos.
No KM 43 cheguei à rodovia, a mesma do trecho inicial da prova, porém não tinha como saber em que ponto estava e quando faltava, mas passei logo por um staff, que perguntei e me respondeu que faltava 3 Kms. Fiquei empolgado, pois seria praticamente tudo plano e poderia fazer muita força e ganhar velocidade até o final.
Corri mais uns 2 Kms e achei estranho de não sair da rodovia. Mas uns 500 metros aí sim tinha uma viatura da Polícia Rodoviária Federal com dois policiais orientando a travessia da rodovia para entrada na cidade. Ao atravessar a rua perguntei a outro staff quanto faltaria e surpreendentemente me disse que faltava uns 3 Kms!
Não me deixei abater, agora estava dentro da cidade, ainda num bairro residencial pouco movimentado, mas bem bonito e com algumas pessoas na rua torcendo. Isto era um estímulo a mais.
Logo entrei numa estrada de terra e vi uns 300 metros à frente outro atleta e decidi forçar para alcançar, devia faltar bem pouco para a chegada e tinha uma excelente oportunidade de ganhar uma posição. Rapidamente fui me aproximando e ao mesmo tempo vi que cheguei na rua da pousada onde estava hospedado e sabia que de lá para a chegada era 1,5 Km.
No final da rua da pousada surgiu um último posto de abastecimento e vi que o atleta que estava à minha frente tinha parado para beber água, vi também que era justamente o atleta que me passara na subida da primeira grande montanha da prova. Então acelerei e sem parar peguei um copinho de água e falei com ele e fui embora forçando bem, sem nem olhar se ele vinha. No entanto percebi que não tinha virado na rua para o lado que pensava que ia em direção à chegada, mas não estava no caminho errado, estava correto e percebi que tinha que fazer alguma volta antes de ir para a chegada. E quando estava no KM 47 surgiu uma placa indicando “KM 45”. Mas continuei acelerando, pois não queria ser ultrapassado. O ritmo estava bem forte que ainda acabei passando outros dois atletas antes de alcançar a última subida (inesperada) do percurso seguido de uma descida para depois chegar à avenida Beira-rio que aí sim levava diretamente para a chegada.

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Na avenida Beira-rio para o final do Endurance 50K

Já podia sentir a energia da chegada e minha família me aguardava ali com um copinho de água gelada. Já estava com 51 Km de prova e ainda tinha que atravessar a ponte e dar uma volta na quadra da Igreja Matriz.
Com o público em grande escala esta volta final foi em alta velocidade e sob aplausos.
E com 51,82 Km de uma prova com 1.746 metros de desnível positivo acumulado cruzei a linha de chegada de mais esta Ultramaratona com um tempo de 06h06min17seg.

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Finisher!

Fiquei feliz com este resultado, poderia ter sido um pouco melhor na parte do meio da prova, mas foi muito dura mesmo e gosto quando consigo finalizar a prova acelerando nos últimos kms.

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Feliz ao final da prova

Finalizei em 14º geral masculino, dos cerca de 60 atletas que largaram na prova.

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Medalha e número do XTerra Endurance 50K

Enquanto eu corria acontecia a corrida kids que Filipe correu e também fiquei feliz por ele ter gostado mais uma vez de participar e ganhar mais uma medalha.

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Filipe ao final da corrida kids

Após a chegada voltamos para a pousada para tomar um banho e pegar nossas coisas para voltarmos para casa, todos de medalhas e com dever cumprido!

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Todos de medalha!

Tenho que agradecer meus apoiadores que sempre confiam em mim e na capacidade de superar e chegar ao fim destas Ultramaratonas.
Agradeço também a vocês meus amigos e leitores que sempre ficam esperando ansiosos pelas postagens com os relatos das Ultramaratonas.
Vamos lá que o objetivo principal agora é a BADWATER ULTRAMARATHON e está chegando.
Até lá!

1 comment

  1. Eduardo Gonçalves abril 29, 2014 1:20 am  Responder

    Muito bom o relato da prova, uma pena ainda essa organização errar em alguns quesitos primordial. abraços

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